6 de agosto de 2013

'Governo do RN faz greve na saúde todos os dias', diz sindicato

Sindsaúde criticou declarações da governadora Rosalba nesta segunda (5).
A chefe do Executivo concedeu entrevista à Inter TV Cabugi.

 

Rosalba ouve pai que perdeu filho por falta
de atendimento (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
As declarações da governadora Rosalba Ciarlini, em entrevista nesta segunda-feira (5) à Inter TV Cabugi, provocaram a reação do Sindicato dos Servidores da Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde/RN). Com os servidores parados desde o dia 1º de agosto, o Sindsaúde afirma em nota enviada ao G1 que "o governo já faz todos os dias uma greve na saúde, um boicote criminoso contra a população".

A governadora fez um apelo aos grevistas para que usassem o "espírito humanitário" e negociassem a pauta de reivindicações com a greve encerrada. O Sindsaúde avalia a disposição como "no mínimo duvidosa". "Durante mais de dois meses, nosso sindicato tentou em vão uma negociação com a Secretaria de Administração, que chegou a dizer que 'não tinha agenda' para receber os servidores", diz a nota do sindicato.

O Sindsaúde encerra informando que mantém 30% dos servidores trabalhando, como determina a lei, mas que a greve é um direito dos trabalhadores. "Sendo assim, os servidores da saúde continuarão em greve", conclui a nota.

Veja a nota completa

"Em entrevista à InterTV Cabugi, na manhã desta segunda-feira, 5 de agosto, a governadora Rosalba Ciarlini se dirigiu aos servidores da saúde e pediu que estes encerrem a greve, iniciada no dia 1º, e retornem ao trabalho.
A governadora apelou “ao espírito humanitário” dos servidores e sugeriu uma
“negociação sem greve”.

O Sindsaúde-RN vem a público esclarecer que:
1.   A causa da crise na saúde do RN não é culpa dos servidores e muito menos da sua greve. A própria reportagem da emissora exibiu o caos na saúde pública e reclamações de usuários, como falta de lençóis, de esparadrapos, de leitos e de atendimento. A verdade é que o governo já faz todos os dias uma greve na saúde, um boicote criminoso contra a população. Boicote esse que começa com a falta de 1.859 servidores na saúde do estado e de 600 médicos e que provoca mais de 200 mortes todo mês, só no Walfredo Gurgel.
2. O governo não negociou até agora. A governadora convoca os servidores a “negociarem sem greve”. Essa súbita disposição de negociação da governadora é no mínimo duvidosa. Durante mais de dois meses, nosso sindicato tentou em vão uma negociação com a Secretaria de Administração, que chegou a dizer que “não tinha agenda” para receber os servidores.

Caso a governadora tivesse o “espírito humanitário” que agora nos pede, teria nos recebido e negociado, para evitar a greve. A reunião só foi marcada após a greve e uma grande passeata com a ocupação da secretaria, mostrando que esse é o caminho para conquistar nossos direitos.
3. Na entrevista, a governadora, sobre a crise com o Tribunal de Justiça, afirmou que a lei “não se discute, se cumpre”. Sendo assim, não entendemos porque não cumpre a Lei Complementar 475, do Plano de Cargos? A lei não vale para os servidores? A lei só vale para os fornecedores e para a Fifa?
4. A greve é um direito dos trabalhadores. Temos cumprido o que determina a lei, mantendo os 30% dos servidores do estado trabalhando e o atendimento de emergência. Sendo assim, os servidores da saúde continuarão em greve.

Todos os dias colocamos em prática o nosso espírito humanitário, trabalhando em cenários de guerra, sem as menores condições, em longas jornadas e com muitos de nós recebendo salário-mínimo.

Repudiamos a tentativa da governadora de colocar a população contra a greve.

Natal, 05 de agosto de 2013

Sindsaúde-RN
Sindicato dos Servidores da Saúde do Rio Grande do Norte"

Fonte: G1/RN